https://www.youtube.com/watch?v=m9pA35rd7B0
Avatar-tour é um
court-film, como tentativa de um filme-ensaio cujo tema é referente às relações
míticas que os sujeitos contemporâneos desenvolvem a partir das representações
simbólicas de si mesmos e do mundo nas composições figurativas que o ambiente gráfico
computacional da internet (ciberespaço) possibilita.
Originariamente o
termo avatar (avatara) vem do sânscrito, língua considerada sagrada na
cultura hindu, especificamente um vocábulo que designa a encarnação de uma
divindade em forma material mundana, configurando contornos humanos ou de seres
fantásticos como os dragões; antropologicamente, a historiografia do mito nas
diversas culturas ao longo do tempo oferece um sem fim de exemplares de
fabulosos seres divinos que no cumprimento de desígnios cósmicos transitam na
superfície sensível do planeta promovendo auxílios ou sortilégios para a humanidade.
Tendo abandonado a
vida comunitária tradicional dos agrupamentos de economia de subsistência e,
posteriormente, quando da instauração do modus vivendis capitalista e, a
consequente individuação fortalecida por crença nos pressupostos experimentais
promovidos desde a ascensão ideológica do Iluminismo, o sujeito social do
bloco-histórico geo-político que se nomeia por Ocidente, na condição factível
de indivíduo cognoscente, tem seu isolamento cada vez mais intensificado por
discursos e práticas que favorecem e exaltam uma pretensa autonomia no consumo
de recursos naturais e produtos industriais, como prova irrefutável dos feitos
técnicos da razão-instrumental e de um modo de vida racionalizado.
No presente
instaurado, na grande narrativa do mundo contemporâneo, os sujeitos
socioculturais têm sido cultivados para a aceitação de uma pretensa
neutralidade dos avanços tecnológicos e da atuação política da torre de cartas
da academia de ciências no bojo das ações que norteiam as vivências cotidianas.
Destaca-se que na virada secular para o terceiro milênio do calendário
gregoriano, eis que após um século de predomínio do cinema como o mágico
caleidoscópio para a figuração simbólica do imaginário, o surgimento e o
espraiamento da Internet no cotidiano das sociedades, vem fazer desaguar o
imaginário nas mais diversas representações de ambientes gráficos
computacionais, expondo inconscientes pulsões latentes da necessidade humana de
sonhar e projetar para si e para toda a alteridade, simultaneamente, uma
auto-imagem e uma imagem que atinge seu ápice na projeção dos perfis dos jogos
eletrônicos em rede, e nos perfis da redes sociais; nas fabulações do mito
recente, o avatar já não encarna mundanamente, se desmaterializa em bits
informacionais, ao mesmo instante em que amplia o horizonte da humanidade para
a figuração de processos arquetípicos coletivos e individuais.
Assim, em exercício
de nova significação de figuras difundidas nos meios de comunicação de massa,
na indústria do entretenimento e nas recentes redes telemáticas informacionais,
Avatar-tour é uma sequenciada ilusão de frames que assume caráter
meta-linguístico a respeito de um tempo e das personas no cenário da
civilização e das culturas.
Sebáh Villas-Bôas é
graduado em comunicação social (UESC), especialista em artes visuais (SENAC/MG)
e mestre em cultura e sociedade (UFBA). Atuou como professor do curso de Artes
Visuais do Centro de Artes, Humanidades e Letras - CAHL / UFRB-BA, Cachoeira.
Avatar-tour é um court-film, como tentativa de um filme-ensaio cujo tema é referente às relações míticas que os sujeitos contemporâneos desenvolvem a partir das representações simbólicas de si mesmos e do mundo nas composições figurativas que o ambiente gráfico computacional da internet (ciberespaço) possibilita.